sexta-feira, 4 de maio de 2012

Entre a casca e a carne.

Meu primeiro amor: um trapezista.
Minha avó materna me levava ao circo sempre que algum aparecia pela cidade. Mas de um desses dias guardo o cheiro, as cores, as luzes piscando do lado de fora da lona, o vermelho intenso no chão, as cadeiras de plástico, o fotógrafo, o cheiro de pipoca doce, o sorriso da minha avó e ele, o trapezista. Lembro como se fosse ontem, ele entrando no picadeiro, ponta de pé, tantas formas no corpo, abrindo os braços e sorrindo, o corpo todo sorria. Ele era tão colorido, a pele (que algum tempo depois decobri ser figurino) mudava de cor, brilhava, encantava qualquer um e deixava o pipoqueiro numa solidão de dar dó. Tão bonito ele, trapezista-arco-íris...


Na mesma noite, em casa me contaram que Papai Noel não existia. Nunca mais pedi presentes para minha mãe. Senti uma culpa imensa!


Lembro bem desse dia, descobri cedo o significado de amor e culpa.





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