Hoje não pegaria nenhum ônibus lotado até o trabalho e acordou tão bem, que decidiu tomar um café da manhã decente. Caminhou até a padaria mais próxima e pensando no pão crocante e quentinho derretendo a manteiga, sorriu para a moça de olhos inchados no caixa, aceitando de troco três balas de hortelã. Em casa, sentou-se na mesa da cozinha, cortou laranjas ao meio, lambuzou-se de mamão, sujou os dedos de geleia e, no momento em que sentiu a manteiga derretida no céu da boca, pensou que, "se o mundo acabasse agora, morreria feliz". E então deixou os farelos de pão estamparem o "bom-dia" nos cantinhos da boca e decidiu não organizar nada, o dia era de folga e pensar duas vezes o tornaria de trabalho. Tomou um banho bom, ligou o rádio e pegou no sono profundo. Entre roncos e lençóis, o rádio anunciava e garantia o fim do mundo. Ele não precisou ouvir. Feliz da vida, sonhou na morte.
Escrito com Arthur B. Senra.
7 comentários:
E a moça da padaria teve que ver o mundo acabar em meio a uma intensa fadiga, num dia que nem era de trabalho?
"o dia era de folga e pensar duas vezes o tornaria de trabalho."
perfeito!
e morreria feliz!
ótimo Lara!
eu não sei o que é dia de folga...meus dias são todos misturados.
=)
Delon, aiai...=)
Morreu trabalhando, morreu pelo trabalho... A outra morreu feliz (bucho cheio).
Tudo tão lindo por aqui n.n
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