sexta-feira, 29 de abril de 2011

Nasceu!


Navegar é preciso.
Por Hugo Lima.



HÁ MAR EM MIM. É assim que Larissa Minghin nos convida a dar um mergulho em seu novo projeto. Quando o recebi, ainda por e-mail, meses antes de seu lançamento, fiz questão de lê-lo num fôlego só e a sensação que tive talvez se assemelhe a de Ulisses tentando resistir ao (en)canto da sereia. No entanto, eu, ao contrário dele, me deixei sucumbir por completo e posso dizer que estou altamente contagiado pela atmosfera delicada do livro.

Com linguagem despojada e tons de azul, a autora vem com tudo - onda mortal - nos contar sobre as profundezas do que sente ("Sinto que é preciso neste momento botar pra fora qualquer expressão que venha de dentro") e sobre o raso ("Ah baby, isso não é poesia, é declaração."), sobre tudo que transborda, tudo que faz parte. E assim nós vamos indo, de um poema ao outro, no remanso de suas palavras-maré.

Poeta, atriz e estilista, Lara (como é tratada entre os íntimos), já caminhou muito, já vestiu de flores os cabelos e os braços, já perdeu o fôlego e encheu a cara. Agora, todos esses momentos de espontaneidade e delicadeza chegam às nossas mãos pelas quase 70 páginas que compõem o livro.

Belos registros de poesia escrita todo dia. Nele, encontramos um pouco de tudo: desde um estudo sobre a solidão até as infiltrações do mar. Seus jogos com as palavras, muito comuns em boa parte de seus poemas, alguns exemplos como "Aponta-dor", "Amar-é-linha", "Ponto de Parte Ida" e "Grava-dor", dão o ar da graça em textos que mais parecem lomografias clicadas por uma mulher que navega em si mesmo, transatlântica.

Mesmo com chuva, brilha, e - como nos disse tão bem Valdoir Wathier - ela vai delineando ondas de sentimentos como se desenhasse paisagens em pequenos grãos de arroz. Eu, que acompanhei suas águas desde a nascente, também muito me alegro ao saber que agora posso carregar comigo esse “oceano inteiro de beleza”.

Suspeito por ser amigo e admirador confesso, eu poderia discorrer aqui laudas e laudas com comentários detalhados sobre pérolas como "G", "Olinda", "Viernes", “Há mar”, "Quando Deus sente saudade", “O nome das coisas”, “Como é que diz?” e “Sopro”– para citar só alguns dos meus favoritos – mas lanço minha oferenda ao mar-aberto, deixo com que cada um sinta e navegue como quiser (assim como eu, quem sabe?) até perder-se de vista. Afinal, felizes os que vão longe demais!

 Belo Horizonte, tarde de 26 de abril de 2011.

2 comentários:

Anônimo disse...

=O

Marina Moura disse...

Lara, Parabéns menina!!
Fiquei mto feliz com a noticia da publicação de seu livro! Li seus textos no blog e realmente são belissimos e encantadores! Criativos, delicados, palavras raras...! Esperamos vc em Paradise City pra divulgaçao! Quero um exemplar!! BjoS! Sucesso pra ti! Marina Moura